A astronomia é uma janela para o universo, um convite para desvendar os mistérios que se escondem nas profundezas do cosmos. Recentemente, a comunidade científica foi presenteada com uma descoberta que redefine nossa compreensão dos buracos negros, esses enigmáticos devoradores de luz. O protagonista desta história é o Sagitário A* (Sgr A*), o buraco negro supermassivo que reside no coração da Via Láctea.
A colaboração Event Horizon Telescope (EHT), um projeto que une cientistas de diversas partes do globo, capturou uma imagem sem precedentes de Sgr A* em luz polarizada, revelando a complexidade dos campos magnéticos que dançam em espiral em sua borda. Esta visão polarizada é uma estreia para Sgr A*, oferecendo uma nova perspectiva sobre a estrutura magnética que envolve a sombra do buraco negro.

A luz polarizada, invisível aos olhos humanos, é uma ferramenta poderosa para os astrônomos. Ela permite que eles estudem as propriedades do gás e os mecanismos que ocorrem quando um buraco negro atrai matéria para si. Através desta técnica, os cientistas conseguiram detectar campos magnéticos fortes e organizados que se estendem em espiral a partir da borda de Sgr A, um fenômeno que também foi observado no buraco negro M87, localizado no centro da galáxia M87.
A semelhança entre as estruturas magnéticas de Sgr A* e M87* sugere que campos magnéticos intensos podem ser uma característica comum entre todos os buracos negros. Além disso, a nova imagem de Sgr A* fornece indícios de um jato oculto, uma possibilidade que os astrônomos estão ansiosos para explorar mais a fundo.
Sgr A* foi descoberto em 1974 e desde então tem sido objeto de fascínio e estudo. Com um diâmetro de aproximadamente 35 milhões de quilômetros, ele é uma fonte poderosa de ondas de rádio e agora, graças à luz polarizada, uma fonte de insights sobre os campos magnéticos que regem o comportamento dos buracos negros.
A primeira imagem do Sgr A* foi apresentada ao mundo no dia 10 de abril de 2019.
Clique aqui e saiba mais num post que publiquei na época.

Os resultados publicados no The Astrophysical Journal Letters não apenas ampliam nosso conhecimento sobre Sgr A*, mas também abrem portas para novas perguntas. Como os campos magnéticos influenciam a dinâmica dos buracos negros? Qual é o papel desses campos na formação de jatos de matéria? E, talvez o mais intrigante, o que mais está escondido nas sombras desses gigantes cósmicos?

A dança dos campos magnéticos em torno de Sgr A* é um lembrete de que ainda há muito a ser descoberto. Cada nova imagem e dado coletado nos aproxima de respostas para algumas das perguntas mais fundamentais sobre o universo. E enquanto os astrônomos continuam a observar e a teorizar, nós podemos apenas maravilhar-nos com a complexidade e a beleza do ballet cósmico que se desenrola diante de nós, mesmo que seja através dos olhos da ciência.
