O Pôr do Sol nas 4 Estações

A cidade de Mossoró está localizada na latitude 5º 11′ 15″ S, ou seja, um pouquinho ao sul da Linha do Equador. Dessa posição geográfica é bastante perceptível o trânsito do Sol no céu entre os solstícios de verão e inverno, passando pelos equinócios de outono e de primavera.

Como sabemos, os solstícios e os equinócios são fenômenos astronômicos que marcam a entrada das estações do ano, sendo a principal diferença entre eles a distribuição da luz solar nos hemisférios terrestres, devido a inclinação do eixo da Terra.

Para nós, que vivemos no hemisfério sul do planeta, no solstício de verão o Sol está acima da linha do Trópico de Capricórnio, fazendo com que tenhamos um dia maior e uma noite mais curta. No solstício de inverno ocorre o oposto: o Sol está acima da linha do Trópico de Câncer (hemisfério norte), resultando em um dia mais curto e uma noite mais longa. Durante os equinócios, o Sol está exatamente acima da linha do Equador, fazendo com que o dia e a noite tenham a mesma duração nos dois hemisférios (sul e norte).

De minha janela, tenho o privilégio de poder contemplar o pôr do Sol todos os dias do ano. Daí que, em dezembro de 2022, pensei o quão legal seria ter todos pores do Sol que marcam o início de cada uma das 4 estações do ano, registrados numa única imagem, a partir do meu ponto de vista.

Foram 4 registros fotográficos, começando no dia 22 de dezembro de 2022 (solstício de verão); depois em 20 de março de 2023 (equinócio de outono); novamente em 21 de junho de 2023 (solstício de inverno); e finalizando hoje, 23 de setembro 2023 (equinócio de primavera)

Após 9 meses, conclui hoje a edição das imagens a partir do processo de sobreposição, obtendo, numa única imagem final – exibida abaixo – os pores do Sol no horizonte durante o início de cada uma das 4 estações do ano.

O privilégio que tenho, a partir de minha janela, aqui compartilhado para reflexão do quão espetacular é a Natureza e o quanto podemos aprender simplesmente olhando para cima e contemplando o nosso céu.

Dados técnicos

Os registros fotográficos foram realizados com uma câmera Sony RX-100.
Na edição das imagens utilizei os software Adobe Photoshop Elements e Adobe Photoshop Lightroom.

Festival de Agosto

Agosto de 2016 foi um mês especial pra quem gosta de observar o céu como eu.  Na verdade, o show começou lá por volta do mês de junho, com o “alinhamento” de nossa Lua com os planetas Saturno e Marte, conforme figura 1, mas teve seu ápice em agosto.

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Figura 1. Alinhamento planetário: Lua – Saturno – Marte, visto a partir do céu de Mossoró, RN, na noite de 19/06/2016.

Durante todo o mês de agosto, sempre a partir do entardecer, os cinco planetas do nosso sistema solar que são visíveis a olho nu estiveram dando um show no céu, chamando a nossa atenção a observa-los sem a necessidade de qualquer equipamento astronômico, como binóculos, lunetas e telescópios, bastando apenas que levantássemos nossa vista para o céu, sempre a partir do pôr do sol, na direção oeste e continuando em direção ao alto do céu.

Estiveram em conjunção planetária – um termo astronômico que significa a máxima aproximação visual entre dois objetos – os planetas Vênus, Júpiter e Mercúrio (aqui elencados em ordem de tamanho aparente) sempre próximos ao horizonte oeste, logo após o pôr do sol, conforme figura 2, e os planetas Marte e Saturno, no alto do céu após o anoitecer, conforme figura 3.  Em diversas oportunidades a nossa Lua apareceu na festa pra abrilhanta-la mais ainda.

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Figura 2. Alinhamento planetário visto no céu de Mossoró, RN, no anoitecer de 06/08/2016.

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Figura 3. Alinhamento dos planetas Marte (ponto mais abrilhante) e Saturno (ponto brilhante no quadrante superior direito), visto no céu de Mossoró, RN, na noite de 21/08/2016.

No entardecer do dia 27/08/2016, um sábado, o espetáculo entre Vênus e Júpiter atingiram o seu ápice, pois estiveram em máxima conjunção – com menos de 1° de arco celeste, dependendo do ponto de vista pode atingir apenas 4 minutos de arco – dando a impressão de estarem coladinhos um no outro, conforme figura 4.

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Figura 4. Panorâmica do anoitecer em Mossoró, RN, em 27/08/2016, quando observa-se claramente a conjunção planetária entre Vênus (ponto mais brilhante e abaixo) e Júpiter, coladinho acima.

Para se ter uma ideia de quanto é pequena essa separação aparente dos dois planetas, o disco lunar ocupa cerca de 30 minutos de arco na esfera celeste.

Nesta data, no entanto, os planetas Vênus e Júpiter estavam, respectivamente, a 230 milhões e 952 milhões de Km de distância da Terra e mais de 700 milhões de Km entre eles, que inclusive ocupam regiões bastante distintas do nosso sistema solar, estando Vênus na região mais próxima do Sol, em relação a Terra, enquanto Júpiter está situado numa região bem distante do Sol, mas que, em virtude de seu tamanho – o maior dos planetas do nosso sistema – pode ser observado facilmente a olho nu.

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Figura 5. Ápice da conjunção planetária entre Vênus e Júpiter (pontos mais brilhantes à direita na imagem). De brinde, o planeta Mercúrio (pequeno ponto na extrema direita da imagem).

Apontando para cima Uma curiosidade a respeito deste fenômeno é que muitos cientistas acreditam que o mesmo ocorreu à época do nascimento de Jesus Cristo, sendo referenciado nos textos sagrados como a famosa “Estrela de Belém” ou “Estrela de Natal” que serviu de guia aos reis Magos.

O espetáculo do “alinhamento” dos cinco planetas visíveis a olho nu começou no mês de junho, esteve presente durante os meses de julho e agosto, e encerrará nos primeiros dias do mês de setembro.

Contemplando a Capella

Desde criança que o céu – e seus mistérios – sempre foi um campo de estudo fascinante para mim.  Não me canso de observá-lo e me questionar em quais daquelas estrelas outros seres viventes estão também a nos observar.

Preparando-me para ler o próximo livro da minha lista – Os Exilados da Capella – sugestão da amiga Sandra Chagas, resolvi fazer uma pesquisa sobre esse sistema estelar, referenciado na literatura espírita.

Primeiramente queria descobrir se a Capella poderia ser vista a olho nu e, mais importante, a partir de nosso hemisfério sul – e mais ainda, a partir de nossa latitude. E que bom que a resposta é sim! Nossa posição é bastante privilegiada para sua observação.

A foto abaixo eu fiz depois de pesquisar sobre sua localização no nosso céu.
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Figura 1 – A estrela Capella – ponto mais brilhante na parte superior central da imagem – no céu de Mossoró-RN, na madrugada do dia 31/01/2016.

Então a Capella – que na verdade é um sistema binário formado por duas estrelas que giram em torno uma da outra a uma distância média de cerca de 115 milhões de quilômetros – mais perto uma da outra do que a Terra e o Sol – é este ponto mais brilhante na metade superior da imagem acima.

E olha só que curiosidade interessante: nosso Sol e a estrela Capela têm a mesma classe espectral! Isto significa que são da mesma cor, o que muito provavelmente a faz liberar o mesmo tipo de energia luminosa e eletromagnética, embora a Capella seja uma gigante com capacidade luminosa entre 100 e 150 vezes mais que nosso Sol, até mesmo devido ao seu tamanho em relação ao nosso Sol. A imagem abaixo poderá dar uma ideia melhor disto.

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Figura 2 – Comparação de tamanho do sistema estelar da Capella em relação ao nosso Sol.

Na foto acima se percebe ainda duas outras estrelas menores, avermelhadas, denominadas Capella Ha e Capella Hb.  São duas anãs-vermelhas que também fazem parte do sistema estelar, embora estejam distantes das estrelas principais cerca de 12.000 vezes!

Só pra você entender melhor e não ficar voando… Anãs vermelhas são estrelas de muito baixa massa, geralmente inferior a 40% da massa do nosso Sol, com baixa temperatura interior e bastante lenta na geração de energia, o que as fazem emitir pouca luz, com uma luminosidade que em alguns casos apenas atinge 1/10 000 da luminosidade solar. Até mesmo a anã vermelha maior tem somente cerca de 10% da luminosidade do Sol!

O sistema estelar da Capella é alvo de estudo dos cientistas que acreditam existirem outros corpos celestiais a serem descobertos no futuro, quando nossa tecnologia nos permitir.

E quer saber de outra coisa mais interessante ainda?  Estudos mais atuais sugerem uma zona habitável em torno de Capella A e B. Ou seja, há fortes indícios da existência de planeta que possa permitir a vida!

Em termos de distância em relação a nós, vamos tomar como base o nosso Sol, distante de nós 8 minutos-luz, ou seja, o tempo que sua luz leva para chegar até nós, o que traduzindo em quilômetros equivale a cerca de 150 milhões.  A Capella, então, está distante de nós cerca de incríveis 43 anos-luz (uma viagem na velocidade da luz duraria 43 anos), ou seja, quase 3 milhões de vezes mais distante que o nosso Sol. 

Fico imaginando como seres de um planeta desse sistema poderiam chegar até nós… Nossa tecnologia atual só agora nos permite chegar ao nosso vizinho planeta Marte, cerca de 3 minutos-luz!

No nosso céu visível, a Capella está entre as “dez mais”, figurando na sexta posição no ranking das mais brilhantes. É a estrela – ou estrelas – mais brilhante da constelação Auriga, que de nossa posição – durante a madrugada de janeiro – poderá ser vista no quadrante noroeste do céu.

Então agora que já sabe como localizar, vale a pena contemplar nosso céu noturno… Parar um pouquinho pra pensar na possibilidade de não sermos os únicos seres vivos a habitar um mundo entre bilhões e bilhões existentes somente em nossa galáxia ou grupo local.  Isto nos faz sentir que somos parte do universo e ao mesmo tempo nos torna mais humildes, mais zelosos pelo nosso planeta e também gratos à suprema inteligência divina que criou tudo que está ao nosso redor e em todo o universo.

O que este universo infinito terá a nos revelar no futuro?  Pensemos…

Condições do tempo frustra observação do Cometa Lulin

Não teve jeito.  O tempo chuvoso em Mossoró no período de melhores chances de observar o Cometa Lulin não ajudou e a observação foi prejudicada.  Melhor dizendo, não houve observação – pra minha decepção.

Equipado com mapa celeste, nos melhores horários recomendados, usando binóculos e câmera digital de prontidão para a foto.  Tudo em vão.  No melhor dia, mal pude observar Saturno (ponto de referência para localização do cometa).

A partir de agora, a cada dia que passa, o cometa se afasta da Terra e a observação ficará mais difícil. 

Eu, particularmente, estou dando por encerrada a minha observação.  Vou esperar o próximo evento celeste… e que venha em dias de melhor visibilidade.

Cometa Lulin já está sendo acompanhado por observadores

Durante este mês de fevereiro o cometa Lulin estará passando próximo da Terra (menos de 60 milhões de kilômetros) e poderá ser observado sempre no final da noite. 

Os melhores dias para observação serão 23 e 24 de fevereiro, quando entrará em conjunção com Saturno, embora ainda não haja um consenso por parte dos astrônomos da magnitude do brilho do cometa (falam em magnitudes variando de 5,5 a 4,7).  Vale lembrar que quanto maior a magnitude menor será o brilho.  Podemos tomar Vênus como referência de magnitude: varia de –3,8 até –4,4).

Pelo visto será necessário o auxílio de equipamentos de observação, como binóculos ou lunetas, além de uma boa dose de paciência, pois a previsão do tempo será de noites nubladas no final do mês.

Eu, com certeza, estarei tentando fazer minhas observações e, dependendo das condições do tempo, tentarei capturar uma foto do cometa no céu de Mossoró.