Software ruim: a culpa não é dos desenvolvedores

Lendo um artigo de Jim Bird – colunista internacional do iMasters – com o título “Não reclame de software ruim para o desenvolvedor: a culpa é de seus gestores” vi no texto uma realidade da qual fiz e ainda faço parte como desenvolvedor de software: a eterna alegação de que nossas soluções não parecem “boas o bastante”, ou seja, por culpa nossa – desenvolvedores – enquanto sabemos nós que a realidade é outra bastante diferente.

Em seu artigo, Jim Bird afirma que “gerentes – e não desenvolvedores – decidem o que significa qualidade para a organização. O que é bom e o que é ‘bom o suficiente’”. Entenda-se, aqui, gerentes como os responsáveis pelas organizações, diretorias, setores, etc. Aqueles que, de fato, devem – ou pelo menos deveriam – entender sobre as regras de negócio, rotinas operacionais e fluxo de dados que estão incumbidos de gerenciar. Mas não é assim que acontece na prática, infelizmente.

Como gestor, Jim Bird afirma que cometeu um monte de erros e tomou más decisões sobre sua carreira. Cortou qualidade para cortar custos. Deu para as equipes prazos que não podiam ser cumpridos. Fez controle sobre horários e prioridades, tentando espremer os recursos para tornar o cliente ou um executivo de marketing feliz. Foi intransigente com desenvolvedores e testadores que lhes diziam que o software não estava pronto e que eles não tinham tempo suficiente para fazer as coisas corretamente. Deixou dívidas técnicas se acumularem, insistindo que teriam que entregar agora ou nunca, e que de alguma forma fariam tudo certo mais tarde.  Errou, errou feio, mas aprendeu com os próprios erros, afirma ele.

Para Jim Bird – e eu concordo plenamente com ele – uma das principais falhas em projetos de desenvolvimento de software acontece quando os gestores ignoram os sinais de alerta dados pelos desenvolvedores. A dica, nestes casos, é simples: escute os desenvolvedores quando lhe dizem que algo não pode ser feito, ou não deve ser feito, ou tem que ser feito. Os desenvolvedores estão geralmente dispostos a trabalhar muito, para chegar longe. Então, quando eles dizem que não podem fazer algo, ou que não devem fazer algo, preste atenção!

Por experiência própria, vários projetos de desenvolvimento de software foram abandonados e outros caminham a passos de tartaruga por culpa única e exclusivamente dos gestores terem ignorados os sinais de alerta dos desenvolvedores.

Enquanto não pudermos ter gestores com experiência prática, capacitados e atualizados, fica valendo a dica do Jim Bird: “Como gerente, a coisa mais importante que você pode fazer é não enviar sua equipe para o fracasso. E isso não é pedir demais”.

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